[REVIEW] Revenge – 3x21 – Impetus


Por João Paulo Reis


“Presa... Capturada. Seis anos da minha juventude foram levados assim” - Emily
Que Revenge é uma série cheia de altos e baixos todo mundo já está cansado de saber, mas não sei o que acontece com a equipe de roteiristas e produtores após o hiato de final de ano. Infelizmente isso não acontece apenas com a nossa novela favorita dos Hamptons, mas parece que os enredos pós hiato vem sempre sem alguma amarração com os episódios anteriores, são inseridos novos personagens, e a história parece se afundar no raso.  Essa inconstância faz com que deixemos de acreditar na história, mas voltemos a acreditar nela alguns episódios depois, como agora com o ótimo Impetus.

Charlote em minha opinião sempre foi a personagem mais deslocada da série. Acreditei que ela fosse ganhar importância na segunda temporada ao ser internada, e nada aconteceu. Pensei novamente que a moça ganharia destaque na terceira temporada ao se transformar num projeto de vilã ao tentar atrapalhar o casamento de Daniel e Emily, mas depois disso ela ficou ainda mais bobalhona. A verdade é que todos sem exceção acabam usando Charlotte em algum momento, fazendo a personagem de escada para que outros possam subir. Essa foi a vez de Emily (ou Rebeca Stone, já não sei mais por qual nome eu a chamarei) se utilizar da garota num seqüestro armado que só serviu para delinear a trama e dar à ela um rumo para o final da temporada que se aproxima. Emily não tem mais o prazo que Jack a deu no início da temporada, mas a lista de pessoas a quem ela poderia recorrer e riscar da foto sim, e com isso o desespero de terminar aquilo o que começou algumas temporadas atrás. Se em algum momento acreditou-se que Victoria iria se unir à Emily, esse episódio serviu para colocar um fim nesse pensamento (pelo menos por enquanto), afinal o seqüestro de Charlotte tinha apenas o intuito de fazer com que os Grayson confessassem a participação no crime que culminou na morte de David.


Óbvio que nem Nolan nem Jack veriam com bons olhos onde a vingança de Emily poderia chegar e isso nos leva a uma boa discussão travada por Nolan sobre quem é Amanda Clarke e quem é Emily Thorne, e a resposta foi a que muitos de nós já sabíamos. 
Emiy Thorne foi criada para ser uma máquina, para não ter sentimentos e não deixar se abalar porque sabia que precisaria ser forte para lidar com um passado que só faz machucá-la. Nós, seres humanos somos assim, vamos sendo moldados ao longo da vida pelas situações que vivemos. A cada pedra no caminho, a cada sofrimento, a cada alguém que nos machuca vamos criando uma casca como se fosse um escudo protetor que torna as dores posteriores suportáveis. O problema de se defender é que chega um determinado momento que você procura pela sua essência, e percebe que ela pode ter ficado perdida lá atrás. Essa é Emily, aquela que começou uma vingança, e não sabe mais o que será de si mesma quando a vingança terminar, e puder respirar aliviada por ser apenas Amanda Clarke.
Por falar em sangue frio, me impressionou Victoria agir com cautela e sem emoção num momento que seria emocionalmente fatal para qualquer mãe: ver um pedaço do corpo de um filho seqüestrado, mas a matriarca Grayson vive um verdadeiro inferno com saudades de um passado que não volta, e a certeza que todas as pessoas que se aproximam dela se afastam de um ou outra maneira.



Como já citei aqui outras vezes, o que seria de Revenge sem, a tecnologia? Seja rastreando a localização de celulares, ouvindo recados de caixas postais alheias, usando programas que distorcem a voz, ou mesmo desviando o sinal do satélite de uma emissora de TV (?), a tecnologia está sempre presente, capaz até de criar uma realidade paralela onde Charlote estava apanhando dos seqüestradores. Palmas mais uma vez para Nolan que conseguiu até trocar as digitais de Emily pelas que Amanda, e consegue mesmo com pouca aparição ser a voz da razão meio a tantos personagens com mais tempo de tela.
O ponto alto do episódio com certeza foi a confissão de Conrad , num súbito acesso de raiva apenas por Charlotte tê-lo confrontado. Ameaçar a própria filha levou o personagem mais uma vez ao topo da vilania, e colocou uma Emily verdadeiramente emocionada no caminho de finalizar sua vingança. Diferente de tantas outras, aqui, a morte de Pascal não foi em vão, pelo contrário, ela serviu para abrir os olhos de outros personagens como Margaux que se manteve forte, mas corajosa acreditando que Conrad era o único culpado e até mesmo se opondo a Daniel.

O que falar de Daniel? O banana que tentou ser vilão, e está sempre tropeçando nas próprias palavras e atitudes? Sim. Esse mesmo. Daniel não tem mais objetivo na vida, apenas perseguir Emily e perambular por diversos núcleos, já que nem interesse amoroso da protagonista ele é. Por falar em interesse amoroso, percebo que o sentimento emana apenas de Aiden, já Emily é confusa ao lidar com as próprias emoções, assim como Jack que idealiza a menina do passado que ele um dia amou, seu amor idealizado de infância, mas ninguém conhece a mulher que a verdadeira Amanda Clarke se tornou, nem ela própria, e menos ainda a que se tornará.

Semana que vem já é o season finale e repito: o final de temporada perfeito seria todos descobrindo que na verdade Emily é Amanda, e ela ter um jogo de gato e rato às claras com Victoria da quarta temporada, que por mim seria a última. É melhor terminar bem uma série a deixá-la enfraquecer e morrer lentamente como tantas que vemos por aí.



Melhor cena do episódio: Victoria tocando piano calmamente tentando não gastar energias, e apenas aguardando a polícia prender Conrad. Madeleine Stone está atuando cada vez melhor, Victoria tem nuances que nenhum outro personagem tem.


Melhor fala do episódio: “Goodbye Conrad! Do rot in hell!”

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